04:45

Não consigo dormir.

O calor está insuportável e a tua falta congela o meu peito.

Gritei você, mas só a solidão fria e calculia me ouviu e ela nem ligou pra minha situação.

O whisk acabou e o café esfriou.

Na pia se acumula o meu estado de inanição, se há roupas limpas, já nem sei, só sei que os lençóis estão bagunçados, mas não contém a nossa bagunça, nem o gozo do nosso amor.

O gosto amargo da meia noite ainda badala em minha garganta e as interrogações continuam a questionar meus pensamentos.

Por onde anda a tua pele nua?

Aonde caminha o teu sorriso sem pudor?

Tá foda aqui, queria que soubesse, mas sou orgulhosa demais pra admitir... Por isso, ao raiar do sol vou mandar a saudade embora, vou arejar a casa e limpar o que restou de nós.

Eu sei, vai doer, mas sei que sou mais forte do que essa dor.

Essa é a minha última madrugada com você aqui, emaranhado em meus pensamentos.

Já me baguncei o suficiente, já me prendi demais nas nossas memórias.

É hora de desatar os 'nós' e deixar você partir.

Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 06/12/2020
Reeditado em 14/04/2021
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