Andorinha II

Os voos que um dia dei hoje são vestígios remotos do meu rasar rasteiro. Nunca soube ser aquilo que deveria sê-lo, pois minha alma se aquieta cada dia que passa. Talvez a ilusão que havia de ser pássaro de estação me aquecesse o coração de vez em quando.

Acreditava que antes do inverno todos os meus irmãos voltariam e me ensinariam o caminho dos trópicos. Contudo o tempo passou e eu não deixei o jardim de minha infância...

Quem sou eu nesta cidade? O que me ensina este ar poluído, esta terra onde os meus sonhos morreram? O que me resta ser se não posso ser o pássaro que me ensinaram a ser?

Não sou andorinha... e minhas asas são de sonhos que eu não pude ver. Talvez eu seja homem como os outros, talvez eu seja uma parede cinza, um homem cinza como a vida...

21/07/19

Hernán I de Ariscadian - Andorinha II [Rascunho]

Hernán I de Ariscadian
Enviado por Hernán I de Ariscadian em 05/12/2020
Reeditado em 05/12/2020
Código do texto: T7128193
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