Andorinha II
Os voos que um dia dei hoje são vestígios remotos do meu rasar rasteiro. Nunca soube ser aquilo que deveria sê-lo, pois minha alma se aquieta cada dia que passa. Talvez a ilusão que havia de ser pássaro de estação me aquecesse o coração de vez em quando.
Acreditava que antes do inverno todos os meus irmãos voltariam e me ensinariam o caminho dos trópicos. Contudo o tempo passou e eu não deixei o jardim de minha infância...
Quem sou eu nesta cidade? O que me ensina este ar poluído, esta terra onde os meus sonhos morreram? O que me resta ser se não posso ser o pássaro que me ensinaram a ser?
Não sou andorinha... e minhas asas são de sonhos que eu não pude ver. Talvez eu seja homem como os outros, talvez eu seja uma parede cinza, um homem cinza como a vida...
21/07/19
Hernán I de Ariscadian - Andorinha II [Rascunho]