No fim do mundo no terceiro andar
A tarde trouxe suavemente um guarda-chuva de brisas frescas. O sol estava se pondo, queimando o horizonte. O céu deslizou sob a drageia estrelada no fim do mundo no terceiro andar. No limite das linhas curvas, onde a memória se transformou em uma miragem derretida, um carnaval desaparecido em silhuetas, retumbava, governava e conjurava por um pouco tempo. Lábios sussurravam para mundos apinhados, para celas fechadas em molduras de sacadas, sobre vida nova, sobre o futuro, sobre sonhos, sobre doces contos de fadas, sobre ventos proféticos. Lágrimas rolavam pelas caudas dos cometas extintos no funil de milhares de anos. O crepúsculo das ilusões, sendo um filme mudo, brilhava e vazava pela janela aberta. A fortuna flutuava nua sem vergonha, penetrando cidades desde trevas distantes. Ela é uma roleta russa, um destino astuto que te envolve, sentado nas entrelinhas de um livro aberto.