TOQUES SEM ACORDES
O cântico de nós ainda ecoa no silêncio dos meus pensamentos, lentamente vem querendo preeencher o que restou, vazio, nesta falta de toque, de enredo, de inspirações. E em meio a suspiros quase sem respiro, só ouço o pulsar do meu coração, nas sombras das esquecidas emoções...
Marcas no tempo de uma sintonia perfeita, escrita pela junção de nossa pele, com grande maestria em cada tom, cada som, no deslizar de cada quente gota de verão, em nós, estação única, nosso pulsar...
No turbilhão de barulhos, no claro escuro, havia nitidamente a cumplicidade da suave seda a deslizar, regendo cada movimento, entrelaçar imperceptível, mas ao mesmo tempo, sensível ao eco dos anseios...
Travesseiros soltos, abandonados ao acaso, quarto sem dimensão, sem chão, sem horas, somente nós a flutuar nos infindos instantes, envolvidos na mágica e harmoniosa energia do instinto que acasala, sem fala, sem pressa, sem preocupação, absortos ao mestre desejo...
Lembranças ficaram desta bela partitura, findou o compor, um fraco toque nostálgico se vivencia, sem acordes, um vazio faz o fechar das cortinas, fim do ato!
Mas o tempo fará o encontro de novas notas, que irão fazer brilhar uma nova vida nas folhas a serem reescritas, no compor de uma harmoniosa sonata ou de uma intensa sinfonia...