Quem Dera Apenas Desejos

Quem dera ser do instante de amor mais íntimo a eternidade, e sair espalhando asas de verdade sem a culpa de ter chegado ao ápice por vias variáveis.

Quem dera o mel do beijo não visgasse, e me acariciasse enquanto sorria, deixando escorrer pelo meu corpo a poesia que os desejos tantos versejaram.

Quem dera aquela trama fosse página da vida e me ajudasse a escrever o capítulo mais importante, eu roteirista e intérprete constante, dessa que chamo de minha história.

Quem dera fosse louca e menos sã, dona de um coco oco sobre o tronco, e que nesse não se guardasse tanto interesse e argumento, cérebro fértil constatado intelectivo.

Quem dera o chamego de um corpo sobre o meu, de uma pele colada a minha como tatuagem, indisciplinadamente me fizesse as vontades sem submeter-me aos dramas do amor.

Quem dera cada lágrima derramada, lubrificasse minha alma e não delineasse meu rosto de olheiras, patética cena de uma mulher guerreira, borrada se encarando ao espelho.

Quem dera eu não precisasse dessa prosa para manifestar minha abundância agora, que rasga a garganta com um grito mudo que hoje só consigo escreve-lo, mas para que diminua o desassossego, vou sussurrar em segredos contados apenas aos meus ouvidos.

Quem dera ser parte de uma parte do meu todo, quando transbordei me ramifiquei em outras superfícies, me tornei freguesa de uma hospedeira, e hoje preciso apenas me juntar, talvez meu coração seja demais para o corpo que o habita.

CarlaBezerra

Divina Flor
Enviado por Divina Flor em 26/11/2020
Reeditado em 26/11/2020
Código do texto: T7121460
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