Papel e lápis

Eu vou sair e sei pra onde vou

Riscar em um espaço em branco a minha dor

Meu coração esconde algo sim

Mas não há como escondê-lo assim

Onde eu não possa encontrá-lo enfim

Dentro de mim

É certa a tão incerta direção

Tudo que resta é espalhado no chão

Vou seguir o norte dos meus ais

Se conseguir chegar não volto mais

É o ver, o enxergar que me faz lembrar

E chorar

Nessa estrada escrita grita a voz

Neste quarto escuro dormem sós

Meus lençóis

Papel, um lápis e a mente no céu

Todas as palavras não traduzem o véu

Um rabisco arisco em tom menor

Meu mundo em preto e branco tudo ao redor

Me prende em minha liberdade e me faz maior

E encerra um vício cismo de querer

Tudo melhor

Então jogo as palavras todas ao revés

Nos meus papéis.

Cláudio Saiere 21/11/2020