Estado líquido (vidas negras)

Uma luta diária –

Riscos cotidianos.

Definições –

Rótulos –

Para quê?

Caráter não tem cor.

Caráter não tem gênero,

Nem ao menos classe social.

Ou tu tens ou não!

É invisível –

Transparente –

É insípido,

No entanto, visível...

Percebido pelas atitudes.

Na maneira com que lidas com as questões,

Agindo de boa ou má fé,

Usufruindo das oportunidades para se dar bem ou não.

Não me julgue pela minha cor.

Não pondere por minha aparência.

E nem ao menos pelo lugar de onde vim ou de onde eu sou.

Não me condene com os achismos –

De uma sociedade hipócrita,

Que prega a crença de uma normalidade de estar tudo bem,

Quando não se está!

Enquanto, muitos morrem à míngua –

Sem o direito da alimentação –

Ou por uma bala perdida –

Lançada no ar –

Sem qualquer consideração.

Assassinados –

Pela falta de oportunidade.

Que por sua cor negra,

Levam-no ao cárcere.

Que por sua cor negra –

Veem-no como um perigo ambulante.

Muitos acreditam serem melhores do que os outros,

Achando-se no poder de decidir.

Quem pode seguir entre a linha tênue do bem e do mal?

Quem pode ser o juiz e bater o martelo usufruindo da imparcialidade?

E sem pender para o próprio benefício.

Somos o tempo todo rechaçados –

Nos momentos mais simples de diversão.

À olhos nus os excluídos,

Hipocritamente afugentados,

Como se a pobreza fosse uma doença contagiosa.

E eu te digo meu amigo, a fome mata!

Muitos apegam-se na proteção divina,

Como se o Deus deles fosse seletivo.

Como se o mesmo Deus ficasse ao lado dos mais abastados,

Usando de sua falsa religião para tomar o poder.

Na verdade, estes são os mais incrédulos,

Mexendo os pauzinhos da política –

Falsos duelos,

Na mídia se engalfinham.

Mas por detrás dos panos, continuam com os seus asquerosos acordos.

Quem paga mais –

Leva!

Entretanto, quem precisa da proteção,

Olha-se acuado –

Diante de uma realidade incoerente,

Crianças marginalizadas e carentes!

Qual foi a Pátria que nos pariu?

Renegados –

Abandonados –

Não há nada de gentil!

Vistos como bastardos,

Os filhos indesejados,

Margeando ruas, becos e vielas,

Pelas periferias.

A cada amanhecer, sobrevivendo em mais uma batalha,

Matando vários leões por dia.

Em pleno século XXI –

O racismo dá a sua cara,

Desejando um corpo negro para massacrar.

Quando alcançamos o topo de um sonho,

Nem tudo será perfeito.

Os riscos corremos de sermos apedrejados moralmente, e ou não, por uma fala medíocre e surreal.

Não são todos os que aceitam que tu chegastes lá, no alto da montanha.

***

Infelizmente, muitos ainda enxergam a pele marcada de nossos ancestrais.

Os mesmos que foram sequestrados de suas terras distante –

Trazidos à força –

Acorrentados –

Amordaçados –

Passando fome e sede...

E aqueles que nunca chegaram?

***

Um negro luta por seu reconhecimento,

Por um lugar que sempre foi e será seu, sem o medo do ir e vir.

A luta é intensa e desproporcional.

***

Não sou negra...

Tenho a pele branca.

Porém, nada muda a minha concepção de ser humano.

A dor dos meus irmãos,

É a minha dor!

Tenho amigos negros,

Já passei por situações constrangedoras por ser uma mulher branca ao lado de pessoas negras.

Acredito que isso não chega a nem um porcento do que passam durante o seu dia a dia.

O que vale é o coração...

E de pessoas racistas e preconceituosas –

Quero distância!

Fabby (ana) Lima
Enviado por Fabby (ana) Lima em 21/11/2020
Reeditado em 21/11/2020
Código do texto: T7116949
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