Alma minha

Me diz alma inquieta, molestada

Fustigada pelos ventos, pela vida

Por que tens sede de infinito

Por que atiças pensamentos espirituosos na alvorada

E têm ânsias de sonhos bonitos?

Por que vais colhendo sonhos imperfeitos, impossíveis

Respirando irônicas quimeras

Vestido e despindo verbos melodiosamente perfeitos?

Me diz alma perturbada, desnorteada, sempre de rastros, de retalhos

Por que te embriagas, gritas, sílabas lascivas

Dilatas a íris dos olhos quando olhas para as estrelas?

Por que vai florescendo como magia

Voando em espasmos, em êxtase pouco lúcidos e fantasias?

Porque inalas de bálsamo os sonhos leigos

Envolves em laços vivos, destemidos

Transpiras luxúria, sentes o sopro de outra boca e beijos

Derramas amor no corpo estendido e vertes doces gemidos?

Diz-me alma desassossegada, atrevida

Porque existem chamas ateando a minha serenidade

Minha momentânea lucidez

Por que continuas investir nessa conquista de clamor e anseios

Por que enche-me de delírios inconsistentes,

Bagunçando e inflamando a minha vida?

Alma menina em corpo de mulher,

Risos e lágrimas compõe a melodia de tua jornada, não se amedronta a desbravar o desconhecido

Revolve-se a sonhar,

Por que ainda acredita até no impossível de alcançar?

...és uma alma de batalhas, de nome Maria, notável, és imensa em mundo raso de fé e de amor.