QUANTO EU FUI OTÁRIO!
Como eu ainda queria ter esperança
Ter a crença da minha juventude
E ser aquele apaixonado
Que lutava acreditando
Na mudança política e social do Brasil.
Como eu ainda queria
Ter o fogo da paixão
E a ilusão que o futuro seria melhor.
Desculpem-me, não enxergo futuro
Ao menos não promissor!
Desculpem-me por escrever com dor
A dor da desesperança
E de ver a falta de amor entre os homens.
Juro, eu deveras acreditei,
Mas o sonho esgotou
A alegria desapareceu.
A cada roubo era mais uma desilusão,
Os homens os quais depositei esperança,
Ah não, acabava minha confiança
Lá se iam milhões
Enquanto milhões de pessoas
Na ilusão e na fome sucumbiam.
Sim, você pode discordar comigo
Talvez seja hoje um apaixonado
Pelas ideias e discursos,
Mas um dia desconhece até o curso
Em que fazia o rio e, talvez
Assim como eu sentirá vergonha
Em olhar para o passado e dizer:
Eram esses a quem dediquei fé e confiança?
Mas uma vez peço desculpa,
Porque eu queria ter esperança,
Porém diante a todo esse cenário
Só digo a quem nos discursos acredita
Um dia ainda irá dizer
Quanto eu fui otário!
JOEL MARINHO