Gari
O gari catava
O cata-vento do guri
O momento em que o colibri
Pairava no ar, querendo beijar
O guri catava
Velhos sonetos gazetas
Que fugiam das gavetas
Para contar segredos
Ele catava as pipas que não voaram
O ponto futuro de um olhar
As espiadas de soslaio
De quem armava tocaia
Para invadir santuários
Ele sabia, de sobejo
Que todos os seus desejos
Estavam negligentes espalhados
Esperando por ser catado
Por um gari não descuidado