NOVE DE NOVEMBRO

NOVE DE NOVEMBRO

Quando minha morte se fizer necessária

para manter o Universo em movimento,

olharei pela última vez o céu

e darei testemunho de que vivi

a quem possa interessar.

Hoje, um dia tão bonito,

fiquei feliz por estar vivo ainda

e ter o sol em meu rosto.

Não. Não preciso de mais nada.

Basta-me esse calor

e a serenidade de ver o tempo passar

sem qu'eu entenda por quê.

Meus erros, eu os deixei sob as bananeiras

da ravina que fende o morro em dois.

Haverá sombra e humidade

mesmo sob o sol a pino. Não temo

enterrar minha tristeza ali.

Saio leve, morro abaixo

para a cidade que me ignora.

Algo bom, enfim.

Belo Horizonte - 2020