Pistão
Fecha porta fica aberta entrando vento frio.
Vento entra dentro do vazio só, só, só.
Frio quente, suor gira sala vento.
Toca pele, fecha porta, aço frio tranca.
No concreto tinta aço madeira, e clic.
Vento cessa, dentro só silêncio, quente - quem?
Quem de dentro só um clic - ar?
Quem de vento frio e medo clic.
Só por vento falso, medo muito, só só só - cadê?
Chora grita em silêncio ar parado sua.
Mas não cede, rompe a fibra do pulsando sangue.
Soma ao vento invisível inimigos cegos,
Mas que ouvem muito bem seu suspirar de ajuda.
Sobe e desce o peito com a combustão distante.
Esses ares da cidade nunca foram dele.
Mas parado, no controle em seu quarto clic.
Fecha a porta, fecha a porta, fecha a porta, vai.
E de novo suspirando outra camada surge.
Nesse muro baleado de sangue e de pus.
Mas não importa dia ou noite, tem sol na janela.
Que no fundo desse poço explode um elemento.
Que vem dentro de pulmão irredutível gás.
Basta só que a gente escolha não submeter.
E fazer desse silêncio ponte conhecer.
Desse ar feito palavra temos força e chave.
Desse amor feito uma casca temos um caminho.
Pelo que eu queria ser a seta e a lanterna.
Mas eu sou a contramão, talvez somente a pena.
E a gente ainda assim tem força.
De bater nessa madeira pra fazer o som.
Isola.
Toc.
Três vezes.
Clic.
Não tem vento, não tem só.
Mas tem medo. E tem amor.
E eu só posso me pedir perdão - pela dor.