SER APENAS; NÃO ALGUÉM 

Disseram pra eu ser. Mas, quando fui ser não deu pra ser o que disseram.
A realidade às vezes frustrou as expectativas e fui sendo o que era possível.
Tinha muito ser e ser seria escolher um tipo.
Não me deram um ser para parecer,
só disseram seja - e acrescentaram o - alguém.
Qual seria o ser correto para ser - ou quem?

Da pra não ser o outro?
Ser um ser errado, não parecia muito bom.
E escolher o ser errado para ser seria desperdiçar a oportunidade de apenas ter sido eu!
Eu queria um parecer da vida ou sobre ela.
E aí vida?

Tem ser que não tem chance de errar;
Tem ser que tem tanta oportunidade, mas nem sequer tenta ser;
Tem ser que parece mais não é;
E tem ser que não é.

Sabe esse aí, o sem chances de erro,
o de uma tacada só, e isso quando ela aparece.
Pressão total, o menino virando homem diante de
um leão por dia e às vezes mal alimentado - a saber, os dois. Treta né - Eis-me aqui!

Tem que ser e ser o ser correto.
Ser relevante seria o acerto da tacada; leão e fome vencidos!
Mas, o que ecoava como meta era - o ser alguém.
E esse alguém excluía minha existência. Só não me pergunte quem - não o encontrei.
Cá pra nós - acho que era só pra ser.
E eu procurando o ser correto ao invés de apenas sê-lo.



*na imagem temos a obra - La reproduction interdite - de René Magritte.