Esquina
No resvalar de um bueiro,
manchado por tinta fosca,
as baratas fervilham,
como literatura.
inúmeros tons enegrecidos,
fugindo das luzes,
que amarelas,
se furtam do poste,
que pisca,
sem manutenção.
Na visível indizibilidade,
dos pés descalços,
os mesmos,
carcomidos e sujos,
que repetem à espiral.
são discursos,
idas e vindas,
tramas,
batalhas insolventes,
disparates.
E o destino,
segue o curso,
rindo,
desbotado,
desta piada,
inoportuna,
do existir,
pilhado,
sem graça.
Daniel César - 07/11/2020.