A MULHER O AMOR E A FLOR
Todo amor é uma flor cheirosa,
Ou um botão,
Que desabrocha e se torna uma rosa
Cor da paixão.
Assim é da cor do sangue vermelho
Do apaixonado,
Que diante da mulher fica de joelho
E enamorado.
Rosa é também branca como a neve
Da mulher quente,
Que tem no coração o amor que ferve,
O amor ardente.
Rosa é uma flor também da cor de rosa;
É a rainha
Das flores e da malva mais cheirosa,
Bela florzinha.
Da mulher, amada, amante ou amiga,
Eu só desejo,
Dar em seu rosto, na boca ou barriga,
Um doce beijo.
Toda mulher mãe é sempre cheirosa
Até em seu caixão,
De qualquer cor ela é uma rosa,
Flor de um botão.
Desabrochou quando nos deu a luz
Para ser alguém,
Que a honra e o amor sempre seduz
Para a paz e o bem.
Não quis o poder da dominação,
Mas sempre o cuidado,
Batendo forte o seu coração
Para o filho amado.
Há sempre a mãe que perde um filho,
Isso é a maior dor
Em trevas que o sol não tem mais brilho,
Mas mãe tem o amor.
Seu filho morreu por causa qualquer,
Por bala perdida,
Ou porque amou alguma mulher
Já comprometida.
Isso é somente um pouco da história
De toda mulher,
Que tem tanta dor e tão pouca glória
E é mãe de qualquer.
Um pouco de mim vou agora dizer
Tive todo o amor
No mundo em que eu quis renascer
De quem sofreu dor.
Ao me dar a luz minha mãe sofreu,
Tinha só a parteira,
Que ao lado de meu pai a socorreu
E eu nasci na esteira.
Nasci e cresci num casebre pobre
Vivi ali cinco anos,
Daquela choupana tudo o que sobre
Soçobrou-se em danos.
Pulo aqui uma parte de minha vida
Sem falar da luta
Que tive na juventude vivida
Sofrendo em labuta.
Até que enfim, senti-me vencedor.
Namorei e casei,
Por muito tempo foi paz e amor,
Mas desfeita a lei.
Tudo isso é passado e esquecido
Sou desde criança
Poeta e boêmio aguerrido
Com fé e esperança.
É extensa a história de minha vida
Vou agora encurtar
Quando faleceu minha mãe querida
Pude eu só chorar.
Antes de fechar o caixão beijei
Minha mãe tão bela
E alguns dias depois eu acordei
Sonhando com ela.
Eu sei que beijei, o seu rosto frio,
Antecipadamente,
De seu sepultamento sem brio
Comigo presente.
Dias depois me acordei de manhã cedo,
Com um beijo quente
Em meu rosto, e me levantei com medo...
Vi mamãe presente.
Minha mãe eu vislumbrei logo ali,
Diante de mim,
Ela sorriu e eu também sorri
Na vida sem fim.