Vida e morte
Hão de gritar das sinagogas:
Que sujeito mórbido,
homem de pouca fé,
Só fala em dor, tristeza e morte!
Ao contrário, só não esqueço,
Somos ornamentos, consortes
vivendo à flor da pele,
Acerca da vida e da morte,
Eu flerto com a morte
pra justificar a vida,
e com a vida pra encarar a morte,
Quem sabe assim não me choque
ao cruzar a fronteira do meu norte,
Essa zona cinzenta que atrai
e afugenta entre a vida e a morte,
Esse véu alvinegro disforme
de dúvidas lançadas à sorte,
Nossas primas-irmãs
de mãos dadas, vida e morte,
Nessa ciranda de idas e vindas
em turnos e entornos,
Vou seguindo meu turno envolto
procurando algum sentido,
E poesia em seus contornos...