As palavras no tempo
O tempo se perde no esquecimento, longe das fronteiras da vida enternecedora onde surgiu minha vontade de soletrar, de falar de tudo que sinto, ser voz no deserto, asa alada no vento, palavra na linha do horizonte e gravar entre meus riscos e rabiscos o que me vem da alma e da mente, e os gritos do coração.
Apenas palavras cruas, aquelas que não ditam regras nem rimas, não me permito expressar algo não vindo das minhas emoções.
sempre no cair da noite onde flui minha inspiração, nas pautas, e nas entrelinhas vão surgindo meus versos, sem censura nem controle navego no imponderável, ouço o mundo ao redor do meu céu, abro as portas da emoção deixo falar alto o coração.
Reconstruo o tempo no agora, no momento presente, nos sinais dos dias que se seguem, ou num futuro ainda ausente.
Numa mansa quietude ao meu redor, onde meus sentidos ganham um ar feroz, entre meus riscos e rabiscos sempre mergulho nas minhas madrugadas solitárias, sedenta de minha alma, me reconstruo, desconstruo, refaço, renasço assim tenho certeza da minha existência.
Vou rabiscando escrevendo com nexo ou sem nexo inserindo as falas do cotidianos, meus desejos insanos, estilhaçando a memória do tempo, esbarrando nas arestas da vida, entre sorriso emudecido, lágrima ou alegria, de todo amor velado, para o meu amor desejado, e assim minha poesia vai surgindo, ganhando forma grandiosa, rabiscado nas linhas do destino, apagando, corrigindo, libertando meu versar, para ficar gravado na folha da eternidade e na memória, onde tudo se faz história.