Venus flytrap

Parte deste jogo é feita da corporificação de meus estados de dor

Em seus braços, agudiza-se o sofrer de morar fora de mim

O preço são os espinhos crescendo por baixo das unhas

Criamos esta dinâmica em que o transtorno da carne é o gatilho do abraço

Por isso, sem surpresa, faço de suas armadilhas

A ocasião da mutilação autoimposta

Co-orientados pelo trauma, enfumaçamos os pulmões

Enquanto dançamos sob um copo de conhaque

Seus olhos tem um brilho sutil quando encaram as fraturas expostas

Sinto como se pudesse estilhaçar todos os ossos para,

Mais uma vez,

Desfrutarmos nossos silêncios embaixo dessa noite escura e quente

Deito sobre sua carne macia

Enquanto percebo o quanto lhe apraz a ciranda do pesar

É a estação em que me recebera mais uma caça

Quisera ser sempre presa

Satisfeito no sofrimento gentil de ser digerido lentamente dentro de você

Fernando Béca
Enviado por Fernando Béca em 25/10/2020
Reeditado em 25/10/2020
Código do texto: T7096235
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