POESIA É UM DOM
Um dom que eu reconheço que não tenho.
Quando eu estava no colégio, o professor de português, sr. José Soares, dava aula de poesia... ou melhor, nos ensinava a fazer sonetos, porque, se poesia é um dom, como alguém pode ensinar?
Mesmo sendo um dom, há uma técnica para se compor, não é? Como por exemplo, as sílabas poéticas. Eu aprendi e fiz mais de um soneto, na época, apreciado pelo professor. Mas como não sou mesmo poeta, não continuei, e até esqueci como se conta as tais sílabas poéticas.
Sei que existe a poesia em prosa, sem rima e sem métrica. Acho que me sairia melhor com essa modalidade.
Pra mim, ser poeta é um estado de espírito. Coisa de momento, de inspiração - esta palavra é muito explorada. Mas parece que "inspiração" é o ingrediente mais importante. E que nem todos conseguem ter.
Com a inspiração, lança-se mão de outras ferramentas, colocando cada uma em seu devido lugar, como: a lua, o sol nascendo e o entardecer; o lusco-fusco anunciando o morrer do dia e a aproximação da noite; o sussurro do vento, o brilho das estrelas, luz mortiça, sombras que se projetam e o murmúrio de um regato; o sorriso de uma criança; a silhueta de uma linda mulher, deixando que a imaginação do observador decida se ela está nua ou não.
A poesia se torna bela e gostosa de se ler quando cada uma dessas coisas são colocadas no lugar certo, no tempo certo... como um quebra-cabeça.
Isso é um dom.