Ouvindo vozes
Ouço vozes dentro de mim
que gritam, me atordoando minha sensatez, busco palavras coerentes pra expressar tudo que rebate me prendendo em correntes.
Sinto um animal feroz cravar as garras, me rasgar por dentro, me debato agonizando pela liberdade, a olhar pelas frestas, da minha tênue sanidade.
Aqui bem no fundo de mim, não há regras, meu universo selvagem, as vozes ditam suas próprias regras e as minhas mãos débeis escrevem em aceitação.
Meus versos não possuem roupagem real, meus versos são nus, da minha alma escancarada, que transbordam, ferindo a carne como um punhal.
Escrita viva, que se debate, daqui pra lá, escrita aturdida, sem pompas, que vestem de uma alma faminta, que nem sempre sabe como falar.
Como uma tecelã, de frente ao tear, dando vida com o fio da meada, por vezes perdida, emaranhadas linhas, me perco de mim, me afogo, aturdida pela vozes, perco o prumo, perco a direção.
É certo que por muitas vezes, me perdi de mim, tentando exprimir um verso sem sentir, belo, lindo...morto, sem essência, de tão belo foi me agonizando por dentro, eu podia sentir minh'alma gemendo.
Não era eu, minha escrita tem vida própria, sigo ouvindo as vozes que são minhas palavras nao ditas, minha escrita dispensa a beleza, não possui palavras decoradas, minha escrita é marginal, gritante, ferina, é o sangue que verte da alma muitas vezes desfigurada, que se debate para voar
Sentir como sinto, ou me enlouquece ou vira versos de cunho abismal, meus abismos, elucidação, poesia caótica em ebulição.