Loucura

Enlouqueci, me fiz em pedaços, perdi meu espaço, me perdi do meu jeito de ser, de viver, fez-se um fiasco,

Me perdi de mim pelo caminho que me ancorava a ti,

e deleitei-me na loucura que se apossou de mim, mergulhei desnuda, insana, por essa chaga chamada amor, sangrenta, nefasta, vil, abrupta.

Arrrancou-me de mim, acorrentou-me...

E eu ri da minha própria insensatez,

e como foi bom enlouquecer, foi eterno, durou instantes, mas foi tudo que eu quis viver.

Foi amor, foi real, foi eterno, e assim será, mas apenas dentro de mim em segredo, uma chaga aberta irá permanecer, uma dor, tamanha dor, marcas de amor, que perdura, que geme, de aparência perene,

mas findou...foi-se, foi-se o riso, só a dor restou.

Fui do céu ao inferno, do caos ao paraíso, redenção e condenação na mesma medida, debulhei-me em lágrimas, esquartejei-me em mil pedaços, meu solo sagrado foi profanado, me vi espalhada pela sarjeta, tantas vezes me desfiz, me refiz, tentando juntar meus pedaços...

Sonhei demais

Amei demais

Foi intenso

Voraz

Mordaz

Amei por inteiro, me doei, mas mereço mais,

Não quero nada além da mesma intensidade,

não aceito metades, quero tudo, além, totalidade!

Meu território, minhas leis, não me apetece concorrência, vivo a mercê da minha loucura,

em desnudar-me perante ao amor, mas sou inteira,

não me divido, não me desfaço, por uma noite, ou uma ocasião, prefiro a dor da saudade, me rasgar, me queimar, prefiro a maléfica solidão abraçada ao vazio que ser uma, entra tantas opções.

Quero seguir enlouquecendo, surtar por amor, mas que seja inteiro, pleno, que dure momentos, mas seja meu, seja totalidade, que me preencha, que cure, que atravesse meu peito com uma espada, que me marque, que enlouqueça, mas que nunca mais seja apenas metade, entre tantas, que eu seja a razão,

a loucura...única.