Meus labirintos

Mesmo que a realidade crave meus pés no chão, volto aos devaneios, dou asas à minha insana imaginação

Todo meu sangue que corre nas veias, queima, toda minha carne grita, cada parte de mim é uma fúria contida, uma natureza arredia que não se intimida,

Toda essa força vital, desmedida, que não conhece amarras, domínio, me permito ser tudo que sinto.

Me permito, sinto, usar meu abismo infinito de paixões, inquietações tão minhas, emaranhadas linhas, compondo poesias.

Tenho labirintos em cada pedaço do meu ser, paraíso escondidos, dias de sol, noites sombrias, madrugadas insones moldam minhas ilusões.

Na ponta dos dedos toco o infinito,

Na ponta da língua, saboreio encantos, outros paralelos, descubro novos universos, bailam no meu corpo o poema adverso, e não meras palavras jogadas ao vento.

Não vibro com acasos, não me encanto com o óbvio, não me prendo ao ócio de palavras decoradas, porque sou indefinida, preciso explodir, exaurir, cutucar minhas feridas, ressurgir do pó, da morte, arrancar os vermes da carne podre das palavras torpes, inundar-me de lágrimas, de raiva, a dor da partida, da falta de amor, do gritante pulsar, em constante movimento, preciso me rasgar, sentir a dor das duras palavras...enlouquecer, e finalmente ser lançada e mergulhar no vazios proscritos, reaver as chagas, soltar as amarras da letargia, invocando das profundezas do meu existir, e apenas ser a poesia germina todo meu sentir...

Volto aos meus devaneios, aos meus anseios, aos meus desejos, volto inebriada, hipnotizada ao meu íntimo e secreto abismo, o avesso dos meus versos.