QUERER

É por tanto sentir que escrevo, e faço escorrer pelas mãos os sentimentos inflamados em meu peito.

Nas linhas costuro pensamentos, devaneios, rasgos saturados de intensa dor e paixão.

Me perco na abstração da escrita, em meio ao emaranhado de letras avessas, esvaziadas em meus versos.

Toda essa inquietação calcifica meus ossos, esse anceio exarcebado em querer algo que não sei, que desconheço, que não me cabe, apenas sinto.

É um perambular constante, desértico e solitário.

A sensação da impotência diante da busca por compreender o sentido incompreendido do que sinto, é quase transcendental.

Meus olhos embalados pela alma e por sua ânsia, refletem a angústia de uma maré agitada.

Incansável tem sido a busca de mim.

Sorte a minha que as asas da imaginação são majestosas, e que nos dias cinzas elas me colorem com poesias.

Então, ecoo o vazio sufocante das palavras.

Quem me dera de fato me conhecer e me desprender de toda essa frustração que me amarra aos pés da falsa liberdade.

Seria tão maravilhoso voar além do tinteiro.

Xícaras de Prosa
Enviado por Xícaras de Prosa em 21/10/2020
Reeditado em 06/04/2021
Código do texto: T7093084
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