DESIGUAL E DESUMANO
Restos das mesas fartas,
Favores, esmolas.
Limitadas sacolas,
Injustiças.
Enquanto isto,
Os cegos de consciência,
Posam de finas donzelas
Ignorando as mazelas
Em que vivem os “urubus”.
Aquecem seus corpos em saunas
Enquanto o “frio” da fome
Despela muitos corpos nus.
Quanto mais ignorância
Lá pras “bandas” do “lixão”,
Mais brilho o rico olha
No seu adorado “chão”.
Esse é o retrato
De uma pobre nação,
Carregada há séculos
Pelos “escravos”
Disfarçados de gente,
Onde os cavalos
São mais bem tratados.
Só com espéculos
Enxergarão nas curvas
Dessas feridas
Abertas no tempo
E usadas num discurso secular
Repetitivo
Que um dia
Ninguém mais aceitará.
Ênio Azevedo