Um sonho sonhado

Um dia eu sonhei que estava acordado sonhando com um sonho há muito sonhado. Não foi a primeira vez. Foram muitos os chamados até eu entender que estava mesmo sendo chamado. Eu nada escutava ou se ouvia fazia ouvidos moucos. Eu mestiço indígena suburbano imerso na vasta várzea da ignorância, na planície do “dulce fa niente” sempre presente quando não latente na mente do emergente Aprendiz de Feiticeiro com banca e pinta de Justiceiro pensando ser o Zorro e na prática apenas mais um Tonto tupiniquim nas terras de João Ramalho e do Seo Joaquim, aquele mesmo, irmão do Seu Manuel Vaz da Padaria do Jardim Bom Pastor, no cafundó das barrancas do Ribeirão dos Meninos, trajeto natural das tribos tupis vindas do Litoral, da Ilha de São Vicente, seguindo rumo ao Vale do Anhangabaú, o Rio dos Maus Espíritos, cujas águas se purificavam ao desaguar na junção dos Rios Tamanduateí e Tietê. Ali naquele aprazível altiplano de Piratininga se reuniam várias tribos originárias dos Tupy e dos Guarany, para renovar laços de sangue e a paz sempre ameaçada. Isso tudo só até 1490, quando as primeiras caravelas com expedições europeias por estas paragens chegaram, assim assim como se por acaso proposital, tipo acidental, após tantas borrascas e calmarias em busca de tesouros: pedras preciosas e especiarias, à mando dos Reis de Castela e Aragão e de outros reais e nobres saqueadores dos tempos das Cruzadas e dos Impérios Otomano, Romanos etc etc e tal.

(Capítulo parcial do romance épico-transnacional-ocasional-tradicional&oescambau, autoria de J.M. Jardim - Mestiço & Místico Sem Fronteiras) <miscigenado#natural@mentesemente#polinizadora>

(Juares de Marcos Jardim - Santo André - São Paulo-SP)

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Juares de Marcos Jardim
Enviado por Juares de Marcos Jardim em 20/10/2020
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