Buli-minha
Eu sei que o tempo está passando, mas nada me anima.
Eu ligo a TV, abro um pacote de bolacha, mudo o canal e nem presto atenção as aleatoriedades.
Desligo.
Suspiro.
Um saco... de balas.
É complicado existir neste vazio.
No meu trabalho, eu não posso falar sobre o que curto. Minha família não me escuta e sinto-me deslocada entre "amigos".
No fim, vou existindo sozinha.
Vagando quase que no purgatório, onde apenas a comida me faz feliz.
Contudo, não quero engordar.
Preciso vencer esta compulsão, mas não tenho nada para colocar no lugar.
Assim, como tudo.
Para a tristeza, pastel.
Suprimo as lágrimas com um grande e recheado bolo.
Batata frita.
Esfirra.
Tão cruel o pão-de-mel.
Tento fugir e outra vez afundo na gelatina.
Por fim, os números na balança me desesperam.
Lamento a tragédia.
Submeto a exaustão na academia e, depois do sanduíche, tento não lembrar o quanto eu quero vomitar.
Recorro ao chá.
Não queria que a comida fosse a minha única companhia.
Indesejada, não amada, mas quem confere alguma cor ao meu dia-a-dia.
Espero algum dia encontrar o sussurrado significado da existência para que minha vida não seja este ciclo confuso e interminável.
Enquanto isto, pavê de leite ninho com chocolate.