Bestial

Tenho um vasinho azulado perto da boca

Quando estou cansado e as pálpebras pesam

Sinto um pequeno tremor nesta região

Minhas mãos se movem assertivas e sensíveis ao tal local do rosto

Constato uma protuberância

Ao tocá-la, percebo o sangue pulsando pelo corpo

Aos poucos, a vibração salta aos músculos finos

Retine nos ouvidos

Queima um muco que escorre pela garganta

Estou ciente da arrogância manifesta em microexpressões do rosto

Acaricio longamente isso que se faz quase matéria dentro de mim

Não sei seu nome

Não é preciso

Só posso fruir o regozijo deste instinto de devastação

Esse flerte com a essência reabastece a distinção contra os párias

Degusto uma saliva férrea que massageio contra o palato

Respiro profundamente o ar que se faz frio ao redor

Num culto individual e completo

Em que tateio a plena potencialidade de minha origem

Fernando Béca
Enviado por Fernando Béca em 16/10/2020
Reeditado em 17/10/2020
Código do texto: T7089172
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.