Somos Internacionais

Ninguém me vê por aí,

Não sabe quem eu sou,

E menos de onde eu vim,

Vovó me chamou Edvan,

Pra alguns, Divã de Gezi,

Gezi de Lorita de Adelino,

Adelino de Zé de Lórinda,

O escarro de Zé Maia,

Zé Maia de Maria Joana,

Joana de Zé Pequeno,

Zé Pequeno da Jurema,

Já fomos muitos mais,

Então vamos à frente,

Que atrás viveu foi é gente,

Caso entre esses quintais,

Encontrar algum parente,

Não se apoquente, sente,

Tome um café com a gente,

Somos internacionais,

Tem gente até do Oriente,

E também sangue cigano,

Tem parente no Equador,

No continente africano,

Europeu e americano,

É gente à dá-com-pau,

É tio pra mais de cem,

E primo pra mais de mil,

Tudo gente boa e modesta,

De fato sou dos mais besta,

Produto interno nacional,

Internalizando a cultura,

Semianalfabeto funcional,

Aproveitando o pretexto,

Não repare o gramatical,

O prosaico me permite,

Vais topar erros no texto,

Nem sempre proposital,

Logo não vou fazer drama,

Nunca culpei o sistema,

Eu sim que fui o problema,

Respeitava a autoridade,

Mas pra dizer a verdade,

Muitas vezes fazia cena,

Disciplina era um dilema,

E assim não corri atrás,

Não foi falta de corretivo,

Levei coça que nem doido,

Até depois dos dezoito,

Beliscão e dedo na cara,

Pirão e peia de vara,

Minha mãe me deu demais,

Quem sabe teja explicado,

Dizem que falo pra dentro,

Tô sempre descabriado,

Internalizando a criatura,

Na vida meio assombrado,

Sempre fui de falar pouco,

Depois dos querenta e pouco,

Na conta do bom sentido,

Tô menos desassuntado,

Tanto é, tô aqui de novo,

Versando pra todo povo,

Que vive mal'assombrado,

Terá quem não de as horas,

Ainda assim eu me permito,

Escrevendo boto pra fora,

Externando o que eu sinto,

Sem dinheiro nem diploma,

Tá tudo certo também,

Da vida não levo fama,

Não tenho o que muitos têm,

Etiqueta e faculdade,

Feliz com o quê me convém,

Desapego e liberdade,

É tudo que me faz bem,

Saber viver é uma parada,

É regalo pra toda vida,

Dela não levamos nada,

Chegada a hora da partida,

Chegado em prosa pouca,

Essa prosa até que rendeu,

Já tá mesmo ficando tarde,

Metade do dito é mentira,

A outra é tudo verdade,

O resto é marca de couro,

Feita com chicote da boca,

É estória pra ser contada.

Edvan Souza
Enviado por Edvan Souza em 14/10/2020
Reeditado em 15/10/2020
Código do texto: T7087507
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