FERRADURA

Pelo uso foi aos poucos consumida,

Cargas pesadas em reta ou curva,

Na bela cidade, no agreste sertão,

Espalhou profundas marcas no chão,

Duro na seca, mole demais sob chuva,

Onde ficaram pedaços de vida.

Enfim libertada do último cravo,

Deixou-se ficar na poeira da estrada,

O brilho do desgaste tornou-se opaco,

A ferrugem é a roupa nova,

Cobrindo-a aos poucos em cada camada,

Tapando buracos hoje sem serventia,

Para nova função que lhe aguarda.

Pregada na porta da entrada,

De pobre ou suntuosa moradia,

Com as pontas viradas para cima,

Livre das agruras do clima,

Atrai energias cósmicas

De riqueza, de paz e da harmonia.