BOTINA VELHA
Essa botina velha, enlameada
Que deixou no tapete da sala a sua marca
Conheceu estradas e cancelas
Pulou brejo e rua esburacada
Enfrentou chuva e frio
Verão escaldante em terra quente
Atravessou portas
Pulou janelas.
Testemunhou beijos ardentes
Viu chegadas e despedidas
Corações partidos e emendados
Súplicas, sorrisos, maldições
Serenatas, gorjeando em madrigais
Marcou no chão compassos desejados
Imaginou também que era gente
Pensou no lixo que lhe aguardava
Porem escapou do destino das coisas
Foi transformada em vaso florido
As violetas enfeitam com poesias
Finalmente seu descanso merecido.