PRAGA
Ah! Quando ela veio, eu carregava tão poucos réis, mas nela pensei
primeiro. Comprei um vaso de flor, com tão pouco cheiro, mas era tão colorido. Nesse dia nada comi, não tinha mais nenhum dinheiro.
O tempo passou, o funk mudou. Ninguém quer somente ser feliz, andar tranquilo onde nasceu e ter a consciência de também ter seu lugar. Agora é só bunda pra cá, bunda pra lá; sentar aqui, sentar acolá. É... Tudo mudou!
Cigarro, a velha droga, lucro certo da televisão. Matava devagar, mas quem tinha pressa pra morrer? O cigarro que mirava direto o pulmão deu lugar ao pensamento limpo de uma nova geração, levando o fabricante rico, de mocinho a vilão.
Pobre do pequeno agricultor de tabaco que o cigarro era seu único ganha pão. Diminuiu o seu trocado, com tão pouca exposição. Ficou tão desesperado que até praguejou: Maldita geração limpa que tudo me tirou!
Parece mesmo que praga pega e foi daquele pobre agricultor, que tirava seu sustento do tabaco, que ele nunca mais plantou.
Chegou uma nova era, acompanhada de gelo e limão. Agora bebem de tudo, aliviando o pulmão. A bola da vez é o fígado, mas para quem tem bílis tá até bom. Não esqueçamos os outros danos: acidentes, brigas, amputação. Coitado desses pais estarrecidos dessa nova geração.
Etah praga boa daquele agricultor! Só por causa do tabaco, que ele nunca mais plantou.