De galho em galho
Quero toda a intensidade da vida, suas dores, suas alegrias,
quero pisar no chão, descalça sentir a grama ou a areia,
hoje eu vou sair de casa sem medo, remoendo segredos
tão meus, quero botar para fora desapontamentos
e castigos do meu coração, quero reavivar as cores,
refazer a minha alma, rasgar o peito, arrancar espinhos
dos meus pensamentos, sem deixar de admirar os girassóis.
Que eu possa pelos caminhos, sentir a brisa, quero me banhar
suavemente com a neblina, assistir os voos dos pássaros cantando refrescados, quero seus pousos de galho em galho,
hoje vou ganhar esse dia como o presente mais precioso.
Quero pegar meu rumo, seja ele qual for, quero de peito aberto
o meu destino, sem escolher os caminhos, sem agasalho.
Com o direito de me sentir livre alegre ou triste, seguir
aparentemente quieta, em meu silêncio quero deixar a minha
alma gritar antigas e as mais recentes poesias que já pude ou
venha a escrever.
Não quero fugir da tristeza, não quero me esconder do passado,
hoje eu vou de encontro às coisas das quais por muito tempo
tentei esquecer, quem me magoou e a quem feri sem querer.
Vou deixar a dor doer, rasgar as feridas que nunca cicatrizaram,
depois esperar que o tempo que tudo cura... Sare. Depois talvez
para sempre me cale, hoje quero passar a limpo a minha história
nada fácil, dentro de cada poeta sempre haverá tantos gritos,
exclamações... quero me livrar desses anseios, lembrar que o amor
que guardei e guardo é somente meu.
Consciente que em mim, nada restou de seu. Quero viver tudo
por hoje, amanhã quero acordar sentir a vida como uma folha
em branco, reescrever tudo com mais gosto, me importar com tudo,
sem com nada me importar, ser chegada ou despedida.