O TEMPO
Confesso, eu desdenhei de você,
Mas taciturno não disse nada
E eu fui sempre sorrindo
Olhando os músculos fortes
Envolvido na ansiedade juvenil
Quanta ingenuidade.
E você calado me enovelou
E eu como um gato
Enrolei-me todo na linha
Tão Narciso estava apaixonado
Pelo garoto que me tornei.
Mas eis que de repente
O espelho me assustou.
Não, essas rugas não são minhas!
E esses cabelos brancos?
Nem de longe são os meus
E agora ele sorriu
Sem nada dizer me venceu
Agora o grande tormento.
E ele continuou
Taciturno e firme
O grande vilão do homem
O maldito e precioso tempo.
JOEL MARINHO