ROTINA

ROTINA

(Carlos Celso Uchoa Cavalcante-25/set./2020)

A consciência sempre mostra o que fizemos!

sem outra escolha, de nada esquecemos

na mera tentativa do fugir.

Eis, que

lembramo-nos da rotina.

Ao sentirmos o abraço do desprezo,

o afago da solidão, o menosprezo,

as ternas carícias da trizteza.

Eis, que

lembramo-nos da rotina.

Ao ver a infinitude do caminhar

a inoportuna vontade de parar,

a proximidade dos últimos instantes.

Eis, que

lembramo-nos da rotina.

Quando ali no velório da lembrança,

resquícios da esperança

a memória ainda ver.

Eis, que

lembramo-nos da rotina.

Ancestrais, outros parentes

sucumbiram, indigentes

em abandono total. Eis, que

lembramo-nos da rotina.

E quando, enfim, o corpo combalido,

chegada a vez de ser tudo recolhido,

ainda, tudo, vê-se no último suspiro.

Eis, que lembramo=nos da rotina.

Assim, em uma trajetória amarga

é impossível esquecer de uma carga

árdua que a vida predispôs a carregar.

Eis, quelembramo-nos da rotina.

Transforma-se em mísero e triste andarilho

num caminhar sozinho sem esposa ou filho

aqueles que deveriam ser seu porto.

Eis, que

lembramo-nos da rotina.

E só, sem nada ver em seu entorno,

qual réu confesso à lei do retorno

teve sua pena pelo que fizera.

Eis, que

lembramo-nos da rotina.

Até porque aqui sem que nem percebamos

o que fizermos de bem ou mal, pagamos.

sem intermeio, é a lei divina.

Eis, que

lembramo-nos da rotina.