Minha casa

Um dia criei coragem e deixei uma pessoa entrar em minha casa.

Nada foi reparado, nem criticado, porque era apenas uma visita.

Os dias passavam e as visitas eram cada vez mais frequentes

e todas as visitas eram feitas com algum presente.

As vezes trazia mais flores para plantar no meu jardim,

em outros momentos trouxe tintas de todas as cores,

e pintou as portas, paredes, teto e janelas.

Determinado dia senti que aquele ser humano deveria residir na minha casa,

porque percebi que a casa havia criado gosto por aquela pessoa maravilhosa.

Quando fiz o convite, o fiz com medo da rejeição.

Acreditava que talvez minha casa fosse pequena demais para dois,

e que talvez ela até gostasse da casa, mas apenas para visitar,

mas o convite foi aceito e então aumentamos o tamanho do jardim.

Os anos foram passando e minha casa sempre ajeitadinha,

porque tinha alguém que me ajudava a planejar as coisas.

Anos depois continuávamos pintando a casa com as mesmas cores,

e no jardim tinha as mesmas flores, mas apenas eu plantava e regava,

então senti um vazio, não sabia bem certo o que era,

se algo estava fora do lugar ou faltava alguma coisa.

Certo dia pensei que seria bacana plantar outros tipos de flores,

porque creditava que assim sairíamos da mesmice,

mas a outra pessoa não queria plantar outras flores.

Então aquele ser fantástico que estava em minha casa por muitos anos

queria morar em outro lugar, sentir e viver outras experiências, em outras casas.

Até tentei entender, mas naquele momento não consegui compreender,

apenas respeitei da decisão, desejei felicidades e que nunca lhe faltasse amor.

Ao mesmo tempo em que aquela pessoa estava fazendo bem para minha casa,

quando partiu percebi que eu tinha dado mais prioridade para ela do que para mim.

Minha casa estava bagunçada, não conseguia me encontrar dentro de mim.

Em cada canto uma lembrança, um nó na garganta e uma vontade de chorar.

Tudo doía e o jardim que sempre estava florido e cuidado, agora se encontrava abandonado.

A pergunta que me faço é: quando conseguirei me organizar, ajeitar a casa e seguir em frente?

Eliezer Antunes de Oliveira
Enviado por Eliezer Antunes de Oliveira em 21/09/2020
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