VIAGEM AO PASSADO

Ultrapassadas a doce infância e a romântica adolescência, etapas estas agradáveis e amistosas, mescladas pela inocência e pelos devaneios açucarados, os seres humanos ingressam na fase adulta, e logo eles começam a perceber, usando a linguagem popular, que o “buraco é mais embaixo”, que “não é bem assim”, e percebem que daqui para frente, o cenário é composto de um permanente jogo de interesses e conveniências, entronizado no relacionamento social, e que tudo é comandado por um sutil e malicioso Sistema Global, cujos interesses são compulsoriamente satisfeitos pela humanidade inteira, mesmo que muitos nem o percebam.

Como não há escolhas, os seres humanos, cada um a seu modo, e de acordo com a tabela pessoal de valores éticos e morais, vão se adaptando às circunstâncias, construindo a sua vida, até que venha a hora de se aposentar, saindo do jogo infernal. A seguir, resta apenas contemplar o passado e saborear o presente, até que venha o trem para a última viagem, para o futuro que imaginamos, conforme as convicções individuais. Enquanto não chega o trem, e com a perspectiva do dia do Professor, veio à tona, a recordação do longínquo curso primário, então com a duração de quatro anos, que foi concluído há setenta anos atrás, com onze anos de idade. Eis que as imagens dos quatro Anjos: Maria José, Cacilda, Deise e Odila, mesmo esmaecidas, surgiram na memória, e a elas, lá nos céus, dedico as recordações, com a gratidão, expressa na lembrança dos primeiros passos, e de uma jornada onde a busca pelo sentido da vida, sempre foi reforçada pela meditação, pela introspecção e pela utilização da leitura e da escrita, ensinadas inicialmente por essas professoras, de amorosa e grata memória.

Oh doces lembranças da infância,

No primeiro ano a mestra Maria José,

O menino tímido começava a militância,

O futuro viria, predeterminado, como ele é.

No segundo ano ele já sabia ler e escrever,

E a Cacilda Valente Baladi era a mestra,

Severa fazia o aprendizado acontecer,

Com ela estuda ou pula a fenestra.

No terceiro ano surgia a linguagem,

Evidente, para a mestra Deise Zenaro,

Ela habilmente incentivava essa voragem,

Pois o talento da criança lhe era muito caro.

Finalmente o quarto ano primeira formatura,

E a carinhosa dona Odila era a professora,

Que fecha o primeiro ciclo da estrutura,

O intelecto, na escalada promissora.

O tempo passou a história foi escrita,

Terminada a batalha, é a aposentadoria,

Contabilidade e direito na jornada descrita,

Por fim o bom repouso que a idade merecia.

Eis que agora neste crepúsculo do anoitecer,

Resta lá no depósito um pouco de fantasia,

Transferida, para que se possa escrever,

E justamente, para surgir esta poesia.

Mas, como pedra preciosa da jornada,

E o agnóstico de 63 anos não imaginava,

É o presente de Sofia, a Virgem Imaculada,

Era novo nascimento espiritual, que ganhava.

E se vão 18 anos colhendo os frutos de Sofia,

Pelo Espírito de Deus, se faz a distribuição,

As sementes são plantadas com alegria,

No recanto devem brotar em profusão.

Espírito, ensina por insights espirituais,

Que explodem através da nossa intuição,

São totalmente inúteis os esforços racionais,

O espírito humano é que obtém compreensão.

Candidatos a receber a visita da nobre Sophia,

Os alpinistas, mergulhadores estão na frente,

Escalam montes, mergulham na Teosofia,

Na meditação, empenham a sua mente.

Tecnologia na informática, abriu espaço,

E cada um procura tudo aquilo que desejar,

Alguns se detêm no que traz apenas cansaço,

Outros querem é encontrar Sophia para festejar.

Na Bíblia, Eclesiástico 24:24, a Sophia se revela,

E nos informa ser ela a Mãe do Amor Formoso,

Claro o Amor Formoso é Cristo o Filho dela,

Do Pai e da Sabedoria, o Filho Amoroso.

Passa da hora de ajustar o GPS pessoal,

Ninguém sabe o tempo restante na sua vida,

Com toda certeza, não é possível nos fazer mal,

Buscar com obstinação a espiritualidade requerida.

Temos pouco tempo e o gastamos mal nas opções,

E correndo atrás do vento, nós não percebemos,

Que estamos só nos abastecendo de ilusões,

Sem a percepção ainda vivos já morremos.

Insistimos na sugestão com toda a energia,

Indicando o caminho para o encontro terminal,

Sophia aguarda paciente nos portais da Teosofia,

Pois não há outro caminho senão pela via espiritual.

Seria o prêmio maior para a conclusão deste roteiro,

Que surgissem os discípulos desse conhecimento,

Para eles, o equivalente a fugir deste cativeiro,

Remover da mente a angústia e o tormento.

Edgar Alexandroni
Enviado por Edgar Alexandroni em 20/09/2020
Código do texto: T7067823
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