Trem que vai e vem

Entrar no trem não é difícil, e não é tão fácil

ver pessoas é normal,

notar suas mascaras coloridas cobrindo lhes os lábios,

a leitura se faz do olhar, da inquietação,

O olhar triste se perde no trilho,

Ficam para trás na linha reta,

se perdem na curva de alguma estação.

A criança olha para os passageiros,

No próximo trem estarão lá,

Olham nos celulares, não percebem a vida passageira

Olham no relógio, e o tempo passa

Estão atrasados - quem sabe?

Criança, homem, mulher, idoso

Uma viagem que na próxima estação alguns descem,

Outros levam a mascara da dor,

Da miséria,

Da mágoa,

Da fome,

Da malandragem,

Das dividas, das vidas dividas,

Poucos vi com alegria no olhar

Estavam olhando para o nada

Por dentro o mundo revela-se,

O brilho nos olhos,

Marejados, mais um pouco caia uma lágrima,

Alguém encostou em mim,

Não,

A alça da minha bolsa passou para o banco lateral,

Pediram licença, para retira-la,

bagagem que comigo seguia a viagem,

No Trem da vida,

Trem do cotidiano,

Trem de todos,

Trem de ninguém,

Trem que vai e vem...

Lilian Meireles
Enviado por Lilian Meireles em 18/09/2020
Reeditado em 19/09/2020
Código do texto: T7066716
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