Trem que vai e vem
Entrar no trem não é difícil, e não é tão fácil
ver pessoas é normal,
notar suas mascaras coloridas cobrindo lhes os lábios,
a leitura se faz do olhar, da inquietação,
O olhar triste se perde no trilho,
Ficam para trás na linha reta,
se perdem na curva de alguma estação.
A criança olha para os passageiros,
No próximo trem estarão lá,
Olham nos celulares, não percebem a vida passageira
Olham no relógio, e o tempo passa
Estão atrasados - quem sabe?
Criança, homem, mulher, idoso
Uma viagem que na próxima estação alguns descem,
Outros levam a mascara da dor,
Da miséria,
Da mágoa,
Da fome,
Da malandragem,
Das dividas, das vidas dividas,
Poucos vi com alegria no olhar
Estavam olhando para o nada
Por dentro o mundo revela-se,
O brilho nos olhos,
Marejados, mais um pouco caia uma lágrima,
Alguém encostou em mim,
Não,
A alça da minha bolsa passou para o banco lateral,
Pediram licença, para retira-la,
bagagem que comigo seguia a viagem,
No Trem da vida,
Trem do cotidiano,
Trem de todos,
Trem de ninguém,
Trem que vai e vem...