Encontro com a alma

Quando ela surgiu no horizonte, todo o brilho do Sol se esvaiu.

Pôs-me em dúvida se era a própria luz ou reflexo do brilho sutil

E eu lá sabia que gente de carne e osso brilhava!

Achei deslumbrante, mas perguntei se alguém mais a enxergava.

Para mim, que nutria a ingenuidade, só há luz no que está no céu.

Até eu descobrir que meus olhos, ao vê-la, enxerga além do véu.

Parecia até que eu havia me esquecido do que é enxergar.

Mas, quando nos surpreendemos, tudo o que havia deixa de estar.

Não é à toa que existe o tal ditado popular "perdi o chão."

Perder... perder, a gente não perde, mas é cada sacolejão!

Valho-me dele para narrar o encontro da luz com o trovão.

As nuvens sequer me ajudaram a encobrir aquela emoção.

Ainda me resta pensar se ela me surpreendeu ou se foi eu quem subestimou a capacidade peculiar da vida

De ser volátil para nos mostrar que tudo o que há não tem garantia estendida.

Há gente que, por ser tão sublime, sequer precisa ser elogiada.

Calma, não porque não mereça.

É que o elogio se torna o atalho das palavras

Quando não há algo que, com aquilo, se pareça.

E, assim, ao avistá-la, só quis contemplar aquela pureza.

Ela fez o elogio virar adjetivo dos fenômenos da natureza.

Ela tinha ciência que havia a alma por detrás da carne mundana.

Mas tinha medo de revelar-se a si mesma e descobrir-se humana.

Com todos os seus defeitos, visíveis a sentimentos nus...

Ela escondeu-se de si mesma, negava a sua própria luz.

Talvez, se tivesse imaginado que havia uma raríssima alma nela contida,

Não sofreria tanto com as experiências ruins, frutos da provação da vida.

Foi quando descobriu que pode fraquejar, assumiu-se errante.

Sentiu autoadmiração, aceitou a sua divina missão desafiante.

Percebeu que, mesmo sendo imperfeita, seu brilho permanecia.

Assim, parou de temer os julgamentos da vida que a enrijecia.

Maísa C. Lobo

Às 00:47h, 13/09/2020.

Maisalobo
Enviado por Maisalobo em 13/09/2020
Reeditado em 20/09/2020
Código do texto: T7061802
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