DESABAFOS

O pensamento é o que de mais solitário existe em mim.

Continuo a não gostar de falar do tempo, seja ele qual for. É no agora que me fixo, mesmo sem saber estar. Ou saber ser.

Sei que as palavras se salvam na omissão.

Culpada de homicídio qualificado na forma tentada, da saudade, quando regresso a casa.

A noite, sinto-a por dentro. Como um luto integral.

Pinto a natureza morta de dois estados que se respeitam mutuamente: o que ficou por sentir e  querer sentir. 

Ignorar é a mais difícil aprendizagem. E transborda-me como uma cascata que desagua na vagarosa floração dos afectos. 

O absurdo é, secretamente, o que de mais sofisticado existe em mim...

Paula de Eloy
Enviado por Paula de Eloy em 11/09/2020
Código do texto: T7060851
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.