DESABAFOS
O pensamento é o que de mais solitário existe em mim.
Continuo a não gostar de falar do tempo, seja ele qual for. É no agora que me fixo, mesmo sem saber estar. Ou saber ser.
Sei que as palavras se salvam na omissão.
Culpada de homicídio qualificado na forma tentada, da saudade, quando regresso a casa.
A noite, sinto-a por dentro. Como um luto integral.
Pinto a natureza morta de dois estados que se respeitam mutuamente: o que ficou por sentir e querer sentir.
Ignorar é a mais difícil aprendizagem. E transborda-me como uma cascata que desagua na vagarosa floração dos afectos.
O absurdo é, secretamente, o que de mais sofisticado existe em mim...