Uma paixão em chamas
Ela caminhava em direção ao abismo, com o andar apressado e firme,
seus passos faziam acelerar meus batimentos, ao andar apressada parecia eminente sua queda no abismo, mas era engano, suas pernas queriam apenas sentir o vento, o vento frio.
Seu véu caiu na travessia, e o sol tocou os seus cabelos, sempre a frente eu não a via, até que me olhou como que para um estranho, e viu em mim mais do que eu conhecia.
Tão curiosa, pois era tamanho o mistério, não compreendi que não poderia, sabendo eu dos teus segredos, não ser tua e tu ser completamente minha.
Aqueles olhos profundos e cheios de raiva, não compreendiam o porque daquela sina, destinada a casar- se sem amor, que mal pior poderia haver aquela menina?!
Eu olhava e te sentia, teus contornos, teu sorriso que não se abria, mas eu o via, eu te olhava e te sentia. Sabia que se não pudesse viver esse amor, viveria essa poesia, e preferi guardar tua lembrança do que viver uma paixão de um dia.
Eu mal sabia que o destino é traiçoeiro, pois quando em nossas conversas quis saber sobre o amor, já o sentia. Tua boca ofegante ao me ver revelava o desejo de me ter. Já era noite, e só as estrelas saberião, que mal podia o amor fazer? E não vivê-lo, mal haveria? Então me demorei na tua boca, como uma loba que corre pelo deserto, nua, selvagem e atrevida, nos teus braços eu me entreguei.
Vivi aqueles minutos como quem saboreia toda uma vida, como quem morde uma deliciosa maçã do Éden sabendo o que viria em seguida.
Nunca sabemos quando uma história terá fim, até que em um momento ela termina, simplesmente nos deixando sem palavras, emudecidos pela dor. Se soubessemos qual seria o último momento, este talvez não o seria. Aquela foi a última vez que a vi, sua doce voz me disse que ficaria tudo bem, quase posso ouvi-la ao fechar meus olhos. Aquele amor estará comigo até os meus últimos suspiros, e toda saudade transformarei em arte, arte de viver.