Voz rouca

Horas esticam na beirada de um muro,

o tempo aos pés de cada pedra deslocada

de suas camadas;

Poderiam ser imaginárias

algumas falhas, falhas que viam como acervo

de um livro qualquer.

O sentido entrou na minha alma como farpa

de uma madeira perolada...

Outra pintada de verniz

escondendo as imperfeições, outras brilhando

com o sol da manhã atravessando a janela

tocando suavemente meu chão.

Tantas coisas fizeram sentido, sentidos morfológicos.

Uma estrada trilhada com asfalto, uma calçada gritando

para os pés calejados. O céu não saiu do lugar,

e nunca sairá,quando encorajado

por uma nuvem carregada, raios e relâmpagos cruzam

o espaço infinito.

As chuvas caem molhando tudo que que possa tocar,

o tempo faz vistas grossas, o corpo envelhece sem

pedir permissão, esses ciclos comuns

a todos, na minha alma canta a criança, sorri quando

acha graça, chora quando o coração aperta.

Inspirar uma poesia, é uma vida de criações do universo

são flores no mês de setembro, são frios,

gelos que caem no inverno. Poderia dizer aquelas

palavras mágicas, minha alma fica em silêncio, quando

os versos que compõem o corpo de sangue e carne,

acordam no sentido das cordas de um violino...

Violino que a vida colocou no meu palco,

tocando canções melancólicas, o coração como maestro

no concerto de várias notas ecoando nas letras

da infância; Parece distante.

Quando escutei a voz rouca do poeta,

embargava uma canção.

Lilian Meireles
Enviado por Lilian Meireles em 06/09/2020
Código do texto: T7055808
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