Voz rouca
Horas esticam na beirada de um muro,
o tempo aos pés de cada pedra deslocada
de suas camadas;
Poderiam ser imaginárias
algumas falhas, falhas que viam como acervo
de um livro qualquer.
O sentido entrou na minha alma como farpa
de uma madeira perolada...
Outra pintada de verniz
escondendo as imperfeições, outras brilhando
com o sol da manhã atravessando a janela
tocando suavemente meu chão.
Tantas coisas fizeram sentido, sentidos morfológicos.
Uma estrada trilhada com asfalto, uma calçada gritando
para os pés calejados. O céu não saiu do lugar,
e nunca sairá,quando encorajado
por uma nuvem carregada, raios e relâmpagos cruzam
o espaço infinito.
As chuvas caem molhando tudo que que possa tocar,
o tempo faz vistas grossas, o corpo envelhece sem
pedir permissão, esses ciclos comuns
a todos, na minha alma canta a criança, sorri quando
acha graça, chora quando o coração aperta.
Inspirar uma poesia, é uma vida de criações do universo
são flores no mês de setembro, são frios,
gelos que caem no inverno. Poderia dizer aquelas
palavras mágicas, minha alma fica em silêncio, quando
os versos que compõem o corpo de sangue e carne,
acordam no sentido das cordas de um violino...
Violino que a vida colocou no meu palco,
tocando canções melancólicas, o coração como maestro
no concerto de várias notas ecoando nas letras
da infância; Parece distante.
Quando escutei a voz rouca do poeta,
embargava uma canção.