Amar é fácil quando se está cego de amor.
Digo cego no sentido de amar por amar, ou
por que admira superficialmente, ou  porque
o ser amado é belo, ou outras coisas e isso egocentricamente dá uma satisfação pessoal 
enorme tanto   para quem ama como para quem é amado.

Mas amaria se  o corpo estivesse vazio de palavras?

Se o amor sempre falasse no presente do indicativo
sem pretérito mais que perfeito ou futuro do subjuntivo?
Amaria se o corpo fosse só cio e desejo de acasalar sem
nenhum lirismo, romance?  

Amaria se notasse meio a uma noite caliente pequenas micro varizes aparecendo, ou aquelas celulites que 
ficam escondidas e que você nunca tenha notado?
Amaria se esse corpo não abrigasse aforismos, silogismos ou qualquer um desses complicados significados?

Amaria se esse corpo fosse disléxico, assimétrico,
não soubesse escrever frases  fantásticas?
Amaria se descobrise que aquele que você ama não é na verdade o que você pensou que fosse?  Entenderia?
Amaria?

Acho que é, não, para nenhuma das perguntas acima.
Amou enquanto o ser amado foi obstáculo intransponivel
 no qual te esbarravas.
Não serias capaz de se encaixar nos parágrafos do amado no que ele escrevia para ti.
Ou seria?
ysabella



Escrito em 2008 e agora reeditado
ysabella
Enviado por ysabella em 05/09/2020
Código do texto: T7055579
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