OS QUIABOS E A CANETA  (BVIW)
 
Ô Maria, o que significa esses quiabos juntos com a  caneta em cima da
mesa, por acaso ando escorregando  com as palavras? Na condição de minha secretaria tomou conhecimento de alguma critica desfavorável  sobre o meu último texto? Se assim foi, que fique claro, na minha arte procuro imitar a vida, que é constituída de planos e declives e na hora de descer sempre o faço com elegância. Ah, deixa pra  lá! Sabe, Maria ,hoje amanheci pensando no nosso jeito de ser, de se governar; então me lembrei de alguma coisa que li faz tempo e que diz: SE o homem usasse a razão para se governar não seria como a cigarra de compridas pernas que salta e esvoaça nas ervas cantando a sua velha canção. E nem sempre ficando pelas ervas. Mas sempre escorregando e dando com o nariz em todos os montes de estrume.
Maria quando você arrumou o meu escritório  por acaso não encontrou o nexo dos meus pensamentos junto com o meu choro, não sei onde os deixei, senti falta ontem quando a tarde desabou e ouvi no meio da noite o grito dos desvalidos, e pasme,   não fiquei comovida. A impressão que tenho é que gastei comigo todas as penas.

Ah, Maria, Maria... minha prestimosa Maria, gosto tanto de ti...  eu te conheço desde a infância? 
 
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Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 01/09/2020
Reeditado em 02/09/2020
Código do texto: T7051920
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