Sob as frestas do sol, escondidas entre as folhas da roseira que feito magia, escolheu brotar de várias cores numa raiz só, crescem felizes as rosinhas: amarelas, magentas, salmão, coloridinhas... Elas têm tanta beleza que ao despontar lembram sorrisos largos em rostos nostálgicos embalados por puro amor. Natureza é especialista em apresentar espetáculos envolventes, independente de público. Nas mãos da criança curiosa, viram também adorno de cabelo, arranjos de mesa para vasos de garrafa e até buquê de flores para presentear os laços da árvore genealógica. Enquanto colhe as flores, ignora que a natureza não tem formol para eternizá-la, a não ser em gestos sublimes e ternos, feitos por pura inocência. Ah, menina! Se soubesse... Arrancar raízes é sentença de morte! Não há quem resista! Às custas da destruição, sonhos também adormecem sob o efeito do éter da alma. Há de sobrar uns brotos, poucos. Resistindo ao tempo traiçoeiro mas verdadeiro, até o outono visitá-lá, no movimento do sol. E na brincadeira do vento, agora com a pipa na mão, vê a menina, as folhas partindo e como quem carrega a alma em nuvens, corre pra socorrê-las, juntando-as num cesto, pra mais tarde, ao jogá-las pro alto, dar infinitas risadas da chuva de folhas que vai caindo enquanto ela dança. E então a roseira, que parecia adormecida, depois de algum tempo volta em sementes: primavera se assenta como uma fênix... E os pássaros cantam como se aplaudissem! E os cabelos ao vento da menina de sol ficam brilhantes como se fossem diamantes, e são!