Um Pouco do Que Sou
Nemilson Vieira faz homenagem ao Dia Mundial da Água. 22 de março de 2019
Nemilson Vieira de Moraes (***)
Morro na praia todos os dias...
Do coco eu sou água isotônica e dos corpos, a água de cheiro. lavo pés, nos cerimoniais e, batizo os fiéis em seus rituais. Refresco o corpo e tiro a fadiga.
Sou a poça nas estradas e da criançada, o poço.
Sou o suor do rosto do trabalhador, a chuva, a enxurrada… O sereno da madrugada e lágrimas caídas.
Sou a esperança dos idosos, a doce alegria das crianças, “o fiel da balança”, o “ouro da torneira”. O “direito”, o amor-perfeito que brota do chão, desce do céu.Carreio impurezas metabólicas e sou bombeada pelo coração.
Sou um devoto em súplicas, a água benta; estou no pássaro que voa, no lago e na taboa. Sou a vida na Terra, acontecendo, uma célula a pulsar em cada canto.
Estou no predador e na presa a fugir, sou água a brotar da fonte, pura, cristalina juntinho dos buritis…
Sou de todos os lugares: do Planalto Central, Serra da Mesa, da Moeda, da Canastra… Da Serra Geral.
Sou das veredas do Guimarães Rosa, da Serra do Curral, do Pantanal…
De Minas Gerais, sou Universal.
Fui vista até no Planeta Marte; e visualizada do espaço sideral.
Por fim, sou a justiça qual rio a correr, que não pode secar; sou a vida a escoar, procurando o mar.
***NemilsonVieira de Moraes,
— É agente ambiental e cultural, titular da cadeira n° 03 da Academia Nevense de Letras Ciências e Artes (ANELCA), no seguimento literário
****Texto publicado em janeiro de 2017, na (24°) Antologia Logos, de Lisboa — Portugal.