Sr. Tempo


Querido Tempo, cá estou, procurando resposta, quem sabe olhar em teus olhos, entregar meu melhor sorriso escondendo meu choro. Tudo passa tão rápido, com teu siêncio inquietante deixas surdos meus ouvidos que te pede soluções, ou de repente, és tão barulhento que estoura meus tímpanos, me levando a necessidade de um espaço para que eu consiga querer escutar algo outra vez. Sempre fui uma estudiosa solitária, percebi que quanto mais estudei, pouco aprendi, se tivesse aprendido de fato, estaria aceitando tudo como é, sem alarmes, sem engolir seco o que acontece.
Quando as dores aparecem, choro, oro e por incrível que pareça, canto, é a maneira que encontro de exravasar o que não consigo compreender; cantar chorando é um chamado à escrita, que ao mesmo tempo que grita, geme silenciosa, abraçando meus olhos para uma nova visão da minha história, é como se descortinasse tudo e algo mais real me tomasse por inteiro, eu caneta, tudo é tinteiro, a pena inspirada que antes travada, voasse por sobre cura, tempo, vida, espaços, vazios, quando percebo, já estou lendo, não saí de mim, mas é como se fosse, por alguns momentos, voltando mais inteira até mais compreendida.
Há tanto ainda o que fazer, já não tenho a segurança se tu, tempo, vais me ajudar, tenho tanta vontade de visitar tanta gente que acabei deixando de comentar em tantas escrivaninhas, mas já não consigo, e por mais que insisto, o preço em dores vem com a conta muito cara; o conformismo não combina com quem sou, teimosa, não dou o braço a torcer a muita coisa, mas vejo que dessa vez estás ganhando mais espaço, estás mexendo com o que amo fazer, andar, dançar, escrever, ler; não quero que a tristeza sente na primeira sala do meu coração, a ela jamais darei esse lugar, mas tá difícil Sr. Tempo, meus cabelos brancos mostram todos os dias no espelho a tua assinatura, eu rio, e mesmo assim, tento ser menina, tu sabes, tento andar, dançar escrever e ler, depois me ponho a reclamar, rsrs, fico feito passarinho que ainda não aprendeu a voar, levantando as asas é podado pelo medo, sabe que não tem jeito. Se tu passastes trazendo o que nunca esperei, tu sabes, me conheces, sempre do meu lado estavas, sabes o quanto já voei, e hoje no impedimento do meu voo, me ensina então a descansar numa rede (embora para meu caso de saúde não seja de direito), dando boas gargalhadas, tira de mim toda a seriedade que sempre trouxe a vida inteira, apesar da alegria que sempre me acompanhou, sempre fui muito séria e cobrei de mim o que não deveria ter cobrado, hoje só quero levezas, rir se errar,  viver descortinando para enxergar melhor, cantar com meus olhos a nova visão dessa nova vida, nesse novo tempo que até pouco tempo eu não queria enxergar. A realidade pode ser dura, principalmente no tempo hodierno, mas há levezas, elas trazem asas, ou redes para o balanço e ainda nos fazem continuar sonhando. Rsrsrs


Teônia Soares
Enviado por Teônia Soares em 22/08/2020
Reeditado em 22/08/2020
Código do texto: T7043294
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