O chamado dos ventos ao voo dos passarinhos
Às vezes tenho a impressão, antes de escrever um texto, que vejo a realidade como que por uma janela. A realidade se reduz a sutis impressões e as pessoas concordam em manter em segredo este doce sentimento, sem o perturbar.
A realidade me vem como impressões e sensações, como ventos que batem em uma janela. Me deixo perder nas meras lembranças e percepções vagas. Elas vem como em um fluxo constante em uma correnteza de éter invisível e indescritível.
Me pergunto por que não busco refúgio na ciência, na mecânica e no cálculo. Por que me abandonei e me deixei embriagar imerso em tanta luz, cores e sentimentos docemente efêmeros?
Sem culpa bebo mais deste vinho. Brindo com amigos de todas as cores a história que nunca tem início, meio ou fim. Quem nunca vive estas prosas ainda não parou para viver. Sucumbe ao resistir ao chamado dos ventos ao voo dos passarinhos.