Muralha
Agora te vejo sem ver
vejo teus olhos na chuva
e apenas te vejo (talvez te tenha)
Em universos longínquos
a confiança perdida se transforma em muros vorazes.
Poderei mostrar-te um pouco de mim
e quem sabe, possas ser mais eu.
Então, cada sorriso seria uno e cada palavra seria exata,
cada olhar nos daria um beijo e eu e você seríamos "nós".
Agora te vejo sem ver
e o que posso contar-te dispensa palavras.
Nada a dizer nestas frases inauditas,
no silêncio que apenas existe.
Um vento que sopra perdido te guarda a voz,
em gotas de chuva teu sereno olhar,
na memória te tenho apenas guardado no tempo,
onde repousam as perguntas que não respondi,
as respostas que perdi no silêncio da chuva fina,
sem insistência...sem resistência...
Rompi partes do muro inquebrável que criei
- queria que rompesses tantos outros
e abrisses as portas de minha clausura.
Mas a chave perdi entre as ruínas de mim e as muralhas que ergui
e ainda não consegui fazê-las achar.
(Parauapebas/PA - 05/10/96)