Vendaval

A núvem de tua tempestade começa a se dissipar em mim...
mas ainda restam trovões ecoando ao longe, como cicatrizes que nunca hão de desaparecer...e meu olhar sem pausas, perdido entre as recordações apagadas e uma frase que nunca será repetida...e uma chuva.
Em uma noite qualquer entrastes por meus sonhos e repetiste o que tantas vezes me disseram os lábios teus...e acordei, como criança, desejando teus braços... e a chuva.
E as gotas que não cairam ouvimos juntos ( talvez fossem os beijos que não te dei)...e eu seria a outra e a mesma, a única a tocar-te o corpo e o coração, tua plenitude, tua inércia e teu fracasso em fim.
Qual teria sido o sabor da vida, então?
Talvez um gosto de estrelas e luar que não pude descobrir entre meus lábios.
Meu tempo parou para que, por um segundo, te encontrasse mais uma vez...mas não estavas no calendário dos meus dias.
Tua tempestade começa a se dissipar em minha memória, soprada pelos ventos do esquecimento a um tempo sem volta. 
Talvez o sorriso,
               as palavras,
                      a chuva partam com ela
e só assim saberei se você também partiu.

(Parauapebas/PA - 22/01/96)
Gaby Faval
Enviado por Gaby Faval em 13/08/2020
Código do texto: T7034262
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