ÉS O LIVRO DA VIDA II
I. Dias há em que acordo com veias separadas, só uma tua massagem a minha mente aceita. À direita do meu peito existe um vazio, que prefiro eternizar; à esquerda, no entanto, diga-se com as palavras de paixão, está uma boca sedenta de prazer para adornar a tua língua.
II. Teu corpo devia chamar-se Mar, sabes o porquê te digo tal coisa. Às noites, sempre que me açoitas os sonhos, sobrevoas-me com uma tenacidade nos seios, acordo feito um rio, quando me empurras para o teu apartamento confortável.
III. Hoje, amanheci sóbrio de que tuas maravilhosas ancas, teus volumosos olhos, tuas mãos geladas, teu sorriso íntegro, tua voz baixa, a mais húmida que conheço, portanto, fazem-se na minha primeira e maior loucura que já fiz por um amor.
IV. Faminto, teus encantos não senti ainda, apavora-me saber que te posso não tocar nesse kasimbu que se vai, mas é a esperança que corre nesse corpo que ainda vivo me mantém. Ver-te-ei numa brevidade que se avizinha. Beijos na língua, ó musa!
Saurimo, Angola, 02/08/2020